Companhias aéreas cancelam voos e recorrem a soluções manuais após pane em sistemas de embarque

Ataque hacker – Companhias aéreas que atuam no continente europeu enfrentam o cancelamento de dezenas de voos nesta segunda-feira (22), após uma ofensiva hacker comprometer os sistemas de check-in e despacho de bagagens em aeroportos de Bruxelas, Berlim e Londres. A instabilidade começou na noite de sexta-feira (19) e madrugada de sábado (20).

O sistema mais prejudicado foi o da fornecedora de tecnologia Collins Aerospace, que informou estar nos estágios finais de atualização do software para corrigir a falha, segundo comunicado à BBC. A empresa é responsável por serviços de emissão de cartões de embarque, etiquetas de bagagem e operações de despacho.

LEIA: Conheça locais de provas do CNU nesta segunda; saiba como

Por ora, a companhia reconhece uma “interrupção relacionada à segurança cibernética” no software MUSE, mas ainda não há informações sobre possíveis responsáveis pelo ataque nem prazo para a normalização. Conforme a agência AP, a Collins chegou a recomendar o cancelamento de 140 dos 276 voos previstos para esta segunda-feira.

Acompanhamento das autoridades

No Reino Unido, o Centro Nacional de Segurança Cibernética acompanha o caso junto à Collins Aerospace, enquanto o Departamento de Transportes e as forças policiais ainda avaliam a dimensão do impacto, segundo a BBC. A Comissão Europeia também declarou estar monitorando a situação, mas ressaltou que não há indícios de que o problema seja mais amplo ou crítico.

No aeroporto de Heathrow, o mais movimentado da Europa, quase metade das companhias já estava operando de alguma forma no domingo. A British Airways recorreu a um sistema alternativo para atender os passageiros. Em Bruxelas, 35 partidas e 25 chegadas precisaram ser canceladas no sábado.

Nos primeiros momentos da falha, funcionários improvisaram soluções para manter o fluxo de viajantes. Alguns cartões de embarque chegaram a ser preenchidos manualmente, e houve relatos de clientes que esperaram mais de três horas em filas de check-in.

Crescente onda de ataques digitais

De acordo com especialistas, o episódio evidencia fragilidades na aviação, setor que registrou aumento de 600% em ataques cibernéticos no último ano, segundo relatório da fabricante francesa Thales. A tendência, afirmam, é de agravamento diante da forte dependência tecnológica das companhias aéreas.

“Esses ataques frequentemente atingem a cadeia de suprimentos, explorando plataformas de terceiros usadas por diversas companhias aéreas e aeroportos simultaneamente”, disse Charlotte Wilson, da empresa de segurança cibernética Check Point, à Euronews Next. “Quando um fornecedor é comprometido, o efeito cascata pode ser imediato e de longo alcance, causando interrupções generalizadas entre fronteiras.”

Para a analista, estratégias como aplicação de patches, atualização contínua dos softwares, monitoramento constante de atividades suspeitas e planos de contingência testados podem mitigar riscos. Contudo, ela ressalta que a resposta deve ser coordenada entre governos, empresas aéreas e operadores aeroportuários.

“Os cibercriminosos estão explorando cada elo fraco neste ecossistema altamente conectado. A menos que o setor trate a segurança cibernética como uma questão de continuidade operacional e segurança dos passageiros, e não apenas de TI, o risco de interrupções em larga escala continuará a aumentar”, concluiu Wilson.

(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/Splloganathan)