WGA, IBT e PGA alertam que a operação de US$ 83 bilhões pode reduzir empregos, salários, diversidade de conteúdo e prejudicar consumidores.

Compra da Warner – A compra da Warner Bros. pela Netflix, anunciada na última semana, tem sido alvo de forte oposição entre importantes entidades da indústria audiovisual dos Estados Unidos. Para a Writers Guild of America (WGA), o acordo de US$ 83 bilhões representa um risco direto para trabalhadores do setor, podendo reduzir oportunidades de emprego, derrubar salários e gerar prejuízos para consumidores.

Em comunicado, o sindicato afirma que as leis antitruste existem justamente para impedir que a maior plataforma de streaming do mercado “engula” um de seus principais concorrentes. Caso o negócio seja concretizado, a Netflix passará a deter o controle de grandes propriedades intelectuais, como O Senhor dos Anéis, Harry Potter e Game of Thrones, entre outras franquias de peso.

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Para a Writers Guild of America, a compra amplia uma realidade já considerada problemática: a concentração de poder nas mãos de poucas empresas. “O resultado vai eliminar trabalhos, diminuir salários, aumentar preços para consumidores e reduzir o volume e a diversidade de conteúdos para todo o público”, alerta o sindicato.

A WGA lembra que já se opôs a outras movimentações similares no setor:

• a união da Comcast com a NBC em 2011;
• a compra da Warner pela AT&T em 2016;
• a fusão entre Disney e Fox em 2017;
• a aquisição da MGM pela Amazon em 2021;
• e a fusão entre Warner Bros. e Discovery em 2022.

Mesmo antes do anúncio do acordo com a Netflix, a entidade já via com preocupação qualquer mudança no controle da Warner Bros., afirmando que o cenário seria grave independentemente de qual empresa vencesse o leilão. Para o sindicato, corporações como Disney, Amazon e Netflix se tornaram “gatekeepers” que determinam o que o público pode acessar.

Outros sindicatos também criticam o acordo

A posição da WGA é reforçada pela International Brotherhood of Teamsters (IBT), que representa mais de 1,3 milhão de trabalhadores. Segundo o grupo, a operação tende a eliminar empregos e aumentar preços ao consumidor.

A Producers Guild of America (PGA) também questiona a aquisição, afirmando que o negócio ameaça até mesmo a existência da indústria cinematográfica. A entidade destaca que a Netflix, por ser uma plataforma essencialmente digital, historicamente reduz ou evita lançamentos comerciais em salas de cinema, o que pode comprometer toda a cadeia de produção e exibição.

De acordo com a PGA, é fundamental que trabalhadores do setor articulem ações com políticos e grupos de interesse para garantir a sobrevivência da indústria audiovisual. “Nossos estúdios de legado são mais do que bibliotecas de conteúdo, dentro de seus cofres existe a personalidade e a cultura de nossa nação”, afirma o sindicato.

Netflix ameniza críticas

Em comunicado enviado por e-mail aos assinantes, a Netflix tentou amenizar preocupações. A empresa afirmou que, “por enquanto, nada vai mudar” e que, embora já tenha dado as boas-vindas à Warner, o acordo ainda depende de aprovações regulatórias e da validação de acionistas antes de ser finalizado.

A companhia prometeu divulgar novas informações conforme o processo avance, mas segue sob forte pressão de parte da indústria para que o negócio seja revisto ou barrado.

(Com informações de Tecmundo)
(Foto: Reprodução/Freepik/Imagem gerada por IA)