Pesquisa mostra que o hábito de realizar várias tarefas ao mesmo tempo reduz a capacidade de detectar mensagens fraudulentas

Fraudes online – Um hábito comum entre usuários de tecnologia pode estar aumentando o risco de cair em golpes online, aponta um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Binghamton e da Universidade Estadual de Nova York.

O trabalho, publicado na revista European Journal of Information Systems, indica que a prática de ser multitarefa reduz a atenção e, consequentemente, a capacidade de identificar tentativas de phishing, um tipo de ataque cibernético que utiliza e-mails, mensagens, telefonemas ou sites falsos para enganar vítimas.

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De acordo com o estudo, cerca de 3,4 bilhões de e-mails fraudulentos são enviados diariamente. Os pesquisadores concluíram que realizar muitas tarefas simultaneamente aumenta significativamente as chances de uma pessoa ser enganada por esse tipo de golpe.

“Ao trabalhar com várias telas, sua atenção nunca estará totalmente focada em uma delas, especialmente ao lidar com tarefas urgentes. Se você quer responder rapidamente a um e-mail, é fácil ignorar os sinais de alerta de uma mensagem de phishing”, explica a professora Jinglu Jiang, coautora do estudo.

Os cientistas realizaram experimentos com 977 participantes, simulando situações cotidianas em que precisavam administrar diversas tarefas. Durante as atividades, os voluntários recebiam mensagens potencialmente fraudulentas para analisar. O resultado mostrou que o excesso de estímulos e informações diminui a capacidade de perceber indícios suspeitos.

No entanto, o estudo também apresentou uma solução simples: lembretes curtos e estratégicos que redirecionam a atenção do usuário. Quando esses avisos foram introduzidos, os participantes mostraram melhor desempenho na identificação de mensagens de phishing, mesmo em cenários de multitarefa intensa.

“Projetamos um sistema muito simples de notificações para alertar sobre fatores de risco, de modo que as mensagens de phishing não se percam no meio da correria e as pessoas consigam detectá-las com mais eficiência”, explica Jiang.

Em um dos exemplos, enquanto os participantes alternavam entre planilhas e aplicativos de mensagens, o sistema fazia surgir uma faixa colorida no topo de e-mails suspeitos ou exibia um alerta dizendo: “esta mensagem pode ser fraudulenta, dê uma segunda olhada”.

“As técnicas usadas por esses golpistas ficam mais sofisticadas a cada dia; eles criam contas falsas e, em muitos casos, mascaram a identidade do remetente. Nosso estudo mostra que a detecção de phishing pode despencar durante o multitarefa, e que as mensagens baseadas em ameaças e perdas são as mais difíceis de identificar. Mas esses pequenos lembretes, esses empurrõezinhos, podem ser realmente muito úteis”, conclui a pesquisadora.

Os autores do trabalho também oferecem recomendações práticas para empresas, gestores de TI e profissionais de segurança digital:
* Incorporar lembretes nas ferramentas do cotidiano, como banners no Outlook e integrações no Slack ou Teams.
* Personalizar os alertas conforme o conteúdo, oferecendo mais lembretes para mensagens que prometem recompensas ou ganhos.
* Adaptar os treinamentos de segurança à realidade dos usuários, levando em conta que a maioria trabalha em regime de multitarefa, e não em total concentração.

(Com informação de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik)