China revela dispositivo do tamanho de um mosquito com fins de vigilância e reforça tendência mundial no uso de micro veículos aéreos inteligentes
Drones-inseto – Um laboratório militar chinês vinculado à Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa (NUDT), na província de Hunan, apresentou um drone microscópico semelhante a um mosquito, considerado por especialistas um avanço significativo nas tecnologias voltadas à espionagem e ao monitoramento sigiloso.
Ainda que o projeto esteja ligado ao setor militar, a combinação entre miniaturização extrema e inteligência artificial tem ampliado as aplicações da tecnologia para áreas como medicina de alta precisão e agricultura automatizada, com destaque para robôs cirúrgicos e drones polinizadores inspirados em insetos.
LEIA: Geração Z adota IA no cotidiano profissional e pessoal, diz estudo
O minúsculo aparelho, com asas delicadas e três pernas finas como fios de cabelo, foi exibido em reportagem do canal militar da emissora estatal CCTV 7. Os responsáveis pelo desenvolvimento afirmaram que sua principal função será em operações de observação e infiltração clandestina.
A exibição do equipamento reacende o debate sobre os rumos éticos e políticos da chamada “guerra invisível”, principalmente em um cenário internacional marcado por tensões crescentes. O avanço desses dispositivos reforça preocupações sobre a linha tênue entre vigilância necessária e invasão de privacidade.
Silêncio, sigilo e alcance estratégico
Embora esses microdrones não tenham poder ofensivo significativo, seu valor estratégico é elevado para missões de coleta de informações. Graças ao tamanho reduzido e ao funcionamento praticamente inaudível, eles são ideais para se infiltrar em áreas de difícil acesso, como instalações militares, prédios governamentais ou corporações com alta proteção.
Em ambientes urbanos densamente ocupados ou contextos de guerra híbrida, um drone dessa natureza pode atravessar janelas, ocultar-se em espaços fechados ou acompanhar discretamente um indivíduo. Para especialistas, o potencial de uso desses aparelhos em espionagem de alta escala é tanto real quanto preocupante.
Apesar da empolgação com o modelo chinês, desafios técnicos ainda persistem. O tamanho reduzido exige componentes miniaturizados, como baterias e sensores, que limitam a autonomia de voo. Além disso, o controle remoto depende de proximidade entre operador e aparelho, o que restringe a atuação em longas distâncias.
Corrida global por microdrones
Além das aplicações em segurança, os microdrones estão sendo adaptados para setores como agricultura de precisão, observação ambiental, inspeção de estruturas e intervenções médicas. Nesse contexto, o drone chinês se junta a outros projetos já inspirados no mundo natural.
Um dos exemplos mais conhecidos é o RoboBee, da Universidade de Harvard, que vem sendo desenvolvido com base na morfologia das abelhas. Esses robôs minúsculos já realizam tarefas como polinização artificial, busca e salvamento e até navegação em ambientes aquáticos.
Para tornar esses robôs viáveis, pesquisadores do Instituto Wyss criaram uma técnica de produção chamada de tecnologia microeletromecânica Pop-Up (MEMs). O método permite montar estruturas tridimensionais a partir de peças planas, abrindo novas possibilidades para o design de microrrobôs.
Com materiais leves e articulações microscópicas, as peças se erguem automaticamente ao se desprenderem da base, formando configurações complexas. Isso facilita a produção em série e com alta precisão desses pequenos dispositivos.
No campo militar, modelos do tamanho da palma da mão já estão em operação em países como Noruega, Reino Unido, Estados Unidos e Ucrânia. Desde o início da guerra em 2022, forças ucranianas têm utilizado os drones “Black Hornet” para reconhecimento e mapeamento tático em áreas como a região de Kursk.
“Trata-se de uma corrida multidisciplinar que une controle remoto, sensores microscópicos e inteligência artificial”, definiu um estudante da NUDT durante a apresentação do projeto.
(Com informações de O Globo)
(Fonte: Reprodução/Freepik/umoro)