Expectativa é que o modelo seja certificado pelos reguladores do Brasil e dos Estados Unidos e chegue ao mercado em 2027

Carro voador – A Embraer confirmou para dezembro o voo inaugural do eVTOL desenvolvido pela Eve Air Mobility — a aeronave elétrica com decolagem e pouso vertical que representa a principal aposta brasileira na chamada mobilidade aérea avançada. A expectativa é que o modelo seja certificado pelos reguladores do Brasil e dos Estados Unidos e chegue ao mercado em 2027.

Com 2,8 mil pedidos firmados em nove países, o veículo será fabricado em Taubaté (SP). A unidade industrial terá potencial para produzir até 480 aeronaves por ano e, segundo a companhia, a cidade foi selecionada por reunir infraestrutura adequada, mão de obra especializada e estar próxima ao polo tecnológico de São José dos Campos.

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Durante teleconferência com investidores, o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, destacou que o desenvolvimento está dentro do cronograma e que o teste previsto para dezembro será determinante para avançar no processo de certificação.

Segundo ele, “toda a equipe está comprometida e trabalhando para colocar o eVTOL em operação até o fim de 2027”. O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Tiago Faierstein, afirmou à Reuters que o órgão pretende agilizar o licenciamento do projeto.

“Vamos trabalhar com 2027, mas nosso objetivo, nosso desejo, é estar em 2026”, declarou durante a Feira de Inovação da Organização da Aviação Civil Internacional, no Canadá.

Faierstein ponderou que o ritmo do processo dependerá da evolução tecnológica do veículo, ressaltando que o propósito é garantir “a implementação no mercado, não apenas a certificação”.

A Eve mantém um calendário de testes e integração dos sistemas da aeronave. Em janeiro de 2025, a empresa alcançou a primeira ignição do motor propulsor, um marco considerado essencial para o início das operações de voo.

Projetado para reduzir o tempo de deslocamentos urbanos, o eVTOL terá autonomia de até 100 quilômetros e capacidade para cinco pessoas — um piloto e quatro passageiros. Estimativas indicam que um trajeto entre a zona sul de São Paulo e o Aeroporto de Guarulhos, que pode durar até 150 minutos por terra, deve ser realizado em aproximadamente 15 minutos pelo ar.

Infraestrutura e novos usos do eVTOL

Para tornar o serviço viável, a empresa tem buscado parcerias com governos e setor privado para instalar vertiportos, estruturas de recarga e centros de capacitação profissional. Em outubro de 2025, Eve e InvestSP reuniram autoridades, técnicos e operadores para discutir a infraestrutura necessária ao novo modal no Brasil.

“A Eve escolheu o local certo para a produção do eVTOL: o estado com a maior economia do país, infraestrutura de excelência, mão de obra desenvolvida e um ambiente de negócios favorável à inovação”, disse Thiago Camargo, vice-presidente executivo da InvestSP.

Além do transporte de passageiros, a aeronave poderá servir em setores como turismo, segurança pública e atendimento médico emergencial.

“A agilidade no transporte de órgãos para transplantes, por exemplo, pode salvar vidas e redefinir padrões de eficiência nas grandes cidades”, afirmou Luiz Mauad, vice-presidente de Serviços ao Cliente da Eve.

Investimentos e presença global

Em agosto de 2025, a Eve levantou US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão) em uma operação envolvendo ações ordinárias e BDRs negociados na B3. O aporte contou com o apoio do BNDES, da própria Embraer e de investidores internacionais como United Airlines, BAE Systems, Nidec, Thales e Acciona.

Com mais de 50 anos de atuação no setor aeronáutico, a Embraer enxerga na Eve uma continuidade de sua trajetória de inovação. O primeiro voo do eVTOL, planejado para dezembro, é visto pela empresa como um marco estratégico para consolidar o Brasil entre os protagonistas globais da aviação elétrica.

(Com informações de iG)
(Foto: Reprodução/Divulgação/Embraer)