Pesquisa da EY mostra que companhias no Brasil ainda esbarram em preocupações com ética, dados e riscos regulatórios
IA – A adoção da inteligência artificial (IA) está ganhando espaço no Brasil. É o que revela a primeira edição da Responsible AI Pulse Survey, pesquisa global realizada pela EY em mais de 20 países. O levantamento mostra que 28% dos executivos brasileiros de alto nível já implementaram soluções de IA em suas companhias, enquanto outros 28% estão em fase de integração.
Além disso, 45% afirmam que a tecnologia já está presente na maioria das iniciativas e em processo de aprimoramento para transformar os negócios. Os números acompanham a tendência internacional.
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Entre os executivos globais, 31% disseram que suas organizações contam com soluções de IA totalmente integradas e escaláveis, enquanto 41% afirmaram que a tecnologia está incorporada em grande parte das operações e segue em evolução.
Segundo Andrei Graça, sócio-líder de Inteligência Artificial e Dados da EY Brasil, a implementação da IA é “uma jornada multifacetada e complexa”, que exige bases tecnológicas robustas, governança sólida e capacitação contínua dos colaboradores.
Para ele, métricas de controle, qualidade dos dados e atenção à privacidade e ética são aspectos fundamentais para garantir resultados consistentes.
O estudo também revelou dificuldades na construção de modelos de governança. 68% dos executivos brasileiros reconhecem que essa é uma barreira em suas organizações, e 45% avaliam que as estratégias atuais para lidar com riscos tecnológicos ainda são insuficientes.
Diferença de percepções
Outro destaque do levantamento é o contraste entre a visão das companhias e a dos consumidores. Enquanto 57% dos executivos acreditam estar alinhados às expectativas do público, uma pesquisa paralela da EY com mais de 15 mil consumidores em 15 países aponta preocupações distintas.
Para a população, os maiores riscos estão ligados a questões éticas e sociais. 67% temem que a IA se torne incontrolável sem supervisão humana e 80% acreditam na possibilidade de informações falsas produzidas pela tecnologia serem levadas a sério.
Entre os executivos, esses índices caem para 55% em ambos os casos. Além disso, 62% dos consumidores demonstraram preocupação com impactos negativos da IA sobre pessoas vulneráveis, contra apenas 35% dos C-levels.
O levantamento também destacou o protagonismo dos CEOs. Eles se mostraram mais atentos às preocupações do público em relação ao uso responsável da tecnologia e menos inclinados a superestimar a maturidade de governança de suas empresas.
Segundo o estudo, três passos são essenciais para avançar no uso da IA de forma responsável: ouvir os consumidores, agir com responsabilidade desde a concepção até a implantação das soluções e comunicar de forma transparente as práticas adotadas — não apenas como vitrine de projetos, mas como diferencial competitivo.
(Com informações de TI Inside)
(Foto: Reprodução/Freepik/DC Studio)