Mercado é considerado estratégico para o futuro da terceira maior fabricante de aviões do mundo.

Carro voador – A Embraer deve conquistar a certificação de sua aeronave elétrica em 2027, mas o novo presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Tiago Faierstein, afirmou à Reuters que o objetivo é alcançar essa meta um ano antes.

A Eve, subsidiária da Embraer dedicada à mobilidade aérea urbana, integra o grupo de companhias que trabalham no desenvolvimento de aeronaves movidas a bateria com capacidade de decolagem e pouso vertical, projetadas para viagens curtas. Esse mercado é considerado estratégico para o futuro da terceira maior fabricante de aviões do mundo.

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A Eve já acumula quase 3.000 intenções de compra antes mesmo de iniciar a produção. A empresa prevê colocar em operação sua aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVtol) em 2027, prazo que já sofreu adiamento em relação ao cronograma original.

Em entrevista concedida no domingo, Faierstein declarou que a agência busca acelerar o processo.

“Vamos trabalhar com 2027, mas nossa meta, nosso desejo, é ser em 2026”, disse ele, durante a Feira de Inovação da Organização da Aviação Civil Internacional, realizada em Montreal e que se encerra nesta segunda-feira.

Prioridade regulatória

Segundo o presidente da Anac, a certificação do eVtol é o principal foco da agência. No entanto, o calendário final dependerá da Embraer, já que “sua tecnologia precisa estar madura” para receber a aprovação.

A liberação comercial também está vinculada à construção de infraestrutura adequada, como vertiportos, além da modernização da rede elétrica e do gerenciamento do tráfego aéreo.

“Estamos focados na implantação no mercado, não apenas na certificação”, reforçou Faierstein.

O presidente-executivo da Embraer, Francisco Gomes Neto, declarou à Reuters no mês passado que a companhia mantém diálogo constante com a Anac e que todo o processo segue “bem controlado” até a certificação.

“Neste momento, o plano é final de 2027. A turma está toda empenhada e trabalhando com esse cronograma”, afirmou.

Desafios internacionais

De acordo com a Anac, a Eve possui cerca de 28 clientes em nove países. Essa internacionalização cria o desafio de alinhar regras entre diferentes autoridades aeronáuticas para permitir que os eVtols operem em rotas que cruzem fronteiras.

O regulador brasileiro pretende primeiro consolidar dados no país para, em seguida, compartilhar as informações com parceiros estrangeiros e com a Oaci (Organização da Aviação Civil Internacional), entidade da ONU que inicia sua assembleia trienal nesta terça-feira.

“Primeiro, estamos focados nos dados que estamos adquirindo no Brasil”, disse Faierstein. “Depois, compartilharemos os dados com a Oaci e outros países para harmonizar as regulamentações.”

Listada na Bolsa de Nova York desde 2022, a Eve recentemente recebeu novos aportes do BNDES e da própria Embraer. Entre os investidores privados que apoiam o projeto estão a United Airlines, a BAE Systems, a Nidec, a Thales e a Acciona.

(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik)