Paisagens digitais confundem mais que rostos humanos; média de acertos em teste global ficou em apenas 62%

IA – Um estudo realizado pelo laboratório AI for Good, da Microsoft, revelou que a maior parte das pessoas não consegue identificar com precisão imagens criadas por inteligência artificial. A pesquisa analisou mais de 287 mil respostas dadas por cerca de 12.500 participantes ao redor do mundo e apontou uma taxa média de acerto de apenas 62% — desempenho que os próprios autores consideram pouco superior ao acaso.

O teste, intitulado Real or Not, foi lançado em agosto de 2024 e desafiava os usuários a dizer se uma imagem era real ou gerada por IA. O conteúdo incluía desde retratos e objetos até paisagens urbanas e naturais. As imagens geradas por inteligência artificial foram corretamente identificadas em 63% dos casos, enquanto as reais obtiveram um índice ainda menor: 59%.

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A pesquisa revela que, embora a dificuldade seja geral, os rostos humanos são os elementos mais fáceis de serem reconhecidos como sintéticos. Quando os participantes avaliaram imagens de pessoas, o índice de acerto foi de 65%. Já objetos e cenários urbanos ficaram próximos da média geral. As imagens mais enganosas foram as de natureza, que tiveram apenas 59% de identificação correta — o que indica que paisagens digitais confundem mais do que retratos artificiais.

Os pesquisadores sugerem que essa vantagem no reconhecimento de rostos pode estar ligada à forma como o cérebro humano foi moldado ao longo da evolução. Como somos naturalmente treinados para identificar expressões, simetrias e imperfeições faciais, pequenos detalhes em rostos gerados por IA — como um olho fora do lugar ou uma textura de pele incomum — costumam acionar alertas mentais. Por outro lado, irregularidades em uma árvore ou uma iluminação artificial em uma paisagem podem passar despercebidas.

Apesar do desempenho modesto dos participantes, o avanço da IA generativa segue acelerado. O estudo destaca que novas tecnologias estão produzindo resultados cada vez mais realistas, o que pode tornar a distinção entre real e artificial ainda mais difícil.

Além disso, os próprios pesquisadores da Microsoft trabalham no desenvolvimento de uma ferramenta automatizada de detecção de conteúdo sintético. A tecnologia, de acordo com o laboratório, já atinge mais de 95% de acerto na identificação de imagens artificiais.

O estudo também defende maior transparência no uso da inteligência artificial. Os pesquisadores recomendam que plataformas e veículos de comunicação adotem medidas como marcas d’água e credenciais de conteúdo — a exemplo dos rótulos que o Instagram aplica em imagens geradas por IA — para que o público possa diferenciar mais facilmente o que é criado por humanos e o que é produzido por máquinas.

(Com informações de Tecnoblog)
(Foto: Reprodução/Freepik/Evertonpinheiroti)