Aprovada em três concursos, Tatiana trocou a estabilidade para encontrar mais satisfação e qualidade de vida trabalhando com TI

TI – Aos 28 anos, Tatiana Morais tomou uma decisão que surpreendeu amigos e familiares: deixou para trás a estabilidade conquistada em três concursos para seguir carreira na área de tecnologia da informação (TI). A mudança não foi simples, mas refletiu sua busca por satisfação profissional e melhor qualidade de vida, em um setor ainda majoritariamente masculino.

Nascida em João Pessoa, na Paraíba, formada em Direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Tatiana teve uma trajetória promissora no serviço público. Após ser aprovada em concursos para a Prefeitura de Cabedelo, para o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) e a Polícia Civil do Rio Grande do Norte, parecia ter alçado o que muitos consideram um destino seguro. No entanto, a rotina burocrática e repetitiva não a motivava.

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“A experiência do serviço público, no meu dia a dia, não foi aquilo que eu esperava, pois as atividades repetitivas não me empolgavam. De uma hora para outra me vi mentalmente adoecida e busquei uma solução para tudo aquilo”, conta.

Foi então que, em maio de 2023, sua vida tomou outro rumo. “Por diversão”, decidiu assistir a uma aula de lógica de programação e, naquele momento, encontrou uma nova área de interesse. “Eu me empolguei tanto que depois desse dia nunca mais estudei para concurso nenhum”, afirma.

Com apoio de seu marido, que já trabalhava na área de TI, Tatiana mergulhou em cursos e estágios, deixando seu cargo na prefeitura para se dedicar à transição. Poucos meses depois, conseguiu uma vaga como desenvolvedora full-stack em uma consultoria, onde atua remotamente na gestão de plataformas telefônicas e de internet.

Quando recebeu a primeira oferta de emprego na área, também foi convocada para o curso de formação da Polícia Civil do Rio Grande do Norte. A decisão entre uma carreira instável e seguir seu novo interesse foi acompanhado de insegurança e crítica.

“Eu cresci em uma geração que escutava diariamente dos pais ‘passe em um concurso público e tenha tranquilidade para o resto da vida’. Ouvi de muitas pessoas que eu estava enlouquecendo por trocar a estabilidade e o status de servidora pública para ir trabalhar em empresas privadas”, conta.

Desafios

O setor de tecnologia, embora promissor, ainda apresenta barreiras para mulheres. Apenas 39% dos profissionais da área no Brasil são mulheres, segundo dados da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais). Além disso, a necessidade de constante atualização também pode ser desafiador. “A tecnologia muda todos os dias e muitas vezes sofremos uma ‘avalanche’ de tópicos e novidades para estudar”, admite.

Apesar dos desafios, Tatiana celebra suas conquistas e percebeu que sua escolha trouxe também maior satisfação em sua vida pessoal. “Eu sempre contei com o apoio da minha família, que viu todo o processo de declínio da minha saúde mental durante o serviço público e me apoiou na decisão que eu tomasse”, diz. “Essas barreiras vão sendo transpassadas e tudo é recompensado pelos benefícios do trabalho na área, como o aumento da qualidade de vida, a oportunidade de trabalhar em home office, as boas remunerações, e muitos outros.”

Para outras mulheres que desejam migrar para a área de tecnologia da informação (TI), Tatiana dá um conselho: persistência e pesquisa. “A área de tecnologia abrange diversos cargos para além da programação, e por isso, mesmo para quem não tem afinidade com código, existem outras opções”.

“Nós, mulheres, temos uma força inigualável. Se dediquem e sejam firmes, pois uma hora o jogo vira e sua chance vem”, afirma.

(Com informações de G1)
(Foto: Tatiana Morais/Arquivo Pessoal)