Fraudes com clonagem de voz e vídeos manipulados aumentaram quase 150% em um ano; especialistas explicam como se proteger

Golpes com IA – O uso de inteligência artificial (IA) para aplicar golpes financeiros e roubo de dados cresce de forma preocupante. Tecnologias como deepfakes e clonagem de voz têm sido exploradas por criminosos para se passar por familiares, colegas ou representantes de empresas, enganando vítimas com pedidos falsos de dinheiro ou informações confidenciais. Entre abril de 2024 e março de 2025, esse tipo de fraude aumentou 148%, segundo dados do Identity Theft Resource Center (ITRC).

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O que são deepfakes e como funcionam

Deepfakes são conteúdos gerados por IA capazes de replicar rostos, vozes e movimentos com realismo impressionante. Pequenas imperfeições, como sincronização labial imprecisa ou expressões faciais artificiais, ainda podem ser notadas, mas estão se tornando cada vez mais sutis. Segundo especialistas da Acronis, a tecnologia permite criar conteúdos que combinam características reais da pessoa com elementos artificiais, tornando a detecção mais complexa.

Golpes com IA em crescimento

Criminosos usam essas ferramentas para aplicar golpes de alto impacto. Chamadas telefônicas e mensagens com vozes clonadas imitam familiares ou gestores, induzindo vítimas a transferir valores ou fornecer dados sensíveis. Em empresas, videoconferências manipuladas já foram relatadas, fazendo funcionários acreditarem em instruções falsas de superiores. Estudos da Acronis mostram que cerca de 25% dos ataques em aplicativos de colaboração, como Microsoft Teams e Slack, envolvem deepfakes ou conteúdos manipulados por IA.

Brasil entre os principais alvos

O país é um dos alvos mais frequentes de ataques de deepfake e ransomware na América Latina. Em 2024, o Brasil concentrou 47% dos ataques da região, superando México (23%) e Colômbia (8%). Especialistas apontam que fatores como a popularidade do Pix, grande número de usuários de internet e smartphones, e hábitos de download de conteúdos piratas tornam o país mais vulnerável.

Como identificar deepfakes e vozes clonadas

Embora a tecnologia seja sofisticada, ainda existem sinais de alerta. Vídeos podem apresentar expressões faciais rígidas, movimentos labiais fora de sincronia ou piscadas artificiais. Áudios podem soar mecânicos, com entonação estranha ou pausas incomuns. A recomendação é sempre confirmar a autenticidade por outros canais, como ligar para o número oficial da pessoa ou solicitar uma videoconferência em tempo real.

Medidas de proteção para empresas e usuários

Para empresas, especialistas indicam:

• Implementar autenticação multifator (MFA) em e-mails, VPNs e contas administrativas;
• Manter backups confiáveis seguindo a regra 3-2-1;
• Aplicar atualizações e patches assim que liberados;
• Limitar acessos de usuários ao estritamente necessário;
• Segmentar redes para proteger sistemas críticos.
Para usuários comuns:
• Desconfiar de mensagens urgentes ou ofertas exageradas;
• Utilizar senhas fortes e únicas;
• Manter softwares atualizados com atualizações automáticas;
• Evitar Wi-Fi público para transações sensíveis e usar VPN;
• Fazer backup regular de arquivos importantes em nuvem ou HD externo.
Com a evolução da IA, a atenção redobrada é essencial para não se tornar vítima de golpes sofisticados que aproveitam tecnologias cada vez mais realistas.

(Com informações de Techtudo)
(Foto: Reprodução/Freepik)