Lançado há uma semana, aplicativo Sora ultrapassa 1 milhão de downloads e provoca reação de estúdios e representantes de grandes nomes do entretenimento
Hollywood – As principais agências de talentos de Hollywood, incluindo Creative Artists Agency (CAA), United Talent Agency (UTA) e WME, criticaram duramente o aplicativo Sora, da OpenAI, acusando a empresa de ameaçar direitos autorais e a propriedade intelectual de artistas, roteiristas e produtores.
A CAA, que representa nomes como Doja Cat, Scarlett Johansson e Tom Hanks, classificou o Sora como uma ameaça “significativa” aos seus clientes e questionou se a OpenAI “acredita que criadores humanos merecem ser reconhecidos e compensados pelo trabalho que produzem”. Em comunicado obtido pela CNBC, a agência afirmou que o modelo de uso da plataforma “desrespeita os princípios de copyright e ignora os direitos dos criadores e das empresas que financiam a produção de suas obras”.
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Lançado há apenas uma semana e já com mais de 1 milhão de downloads, o Sora permite gerar vídeos a partir de comandos de texto, muitas vezes incluindo personagens e marcas reconhecíveis. O recurso gerou forte reação entre estúdios e agentes por facilitar a criação de conteúdos que imitam obras protegidas por direitos autorais.
A OpenAI implementou no aplicativo um sistema de “opt-out”, que permite o uso de material protegido, a menos que os detentores de direitos solicitem sua exclusão, modelo amplamente criticado por transferir a responsabilidade de proteção para criadores e empresas.
Em resposta, o CEO da OpenAI, Sam Altman, afirmou em uma postagem que a companhia pretende oferecer “controles mais granulares” para que os titulares de direitos possam gerenciar o uso de seus personagens.
Reações do setor
A UTA, que também representa grandes estrelas, classificou o uso de obras protegidas no Sora como “exploração, não inovação”, afirmando que “não há substituto para o talento humano”. A agência reforçou que continuará lutando “para proteger a integridade e os direitos de seus clientes”.
Já a WME notificou a OpenAI exigindo que todos os artistas que representa sejam automaticamente excluídos das atualizações do Sora, independentemente das decisões de outros detentores de propriedade intelectual, segundo o LA Times.
A Disney também enviou uma carta à OpenAI afirmando que não autorizou o uso de suas imagens, vídeos ou personagens e destacou que não tem obrigação legal de se “desvincular” da plataforma para manter seus direitos sob a lei de copyright.
OpenAI promete ajustes
A OpenAI declarou ter implementado barreiras para impedir a geração de personagens conhecidos e que está revisando vídeos já publicados no aplicativo. “Estamos removendo personagens gerados do feed público do Sora e lançaremos atualizações que deem mais controle aos detentores de direitos sobre como fãs podem criar com eles”, afirmou Varun Shetty, vice-presidente de parcerias de mídia da empresa.
O embate entre Hollywood e as empresas de IA generativa não é novo, mas vem se intensificando com o avanço de ferramentas como o Sora. Em junho, Disney e Universal processaram a startup Midjourney, alegando uso indevido de personagens de suas produções. No mês passado, a Disney também enviou uma notificação extrajudicial à Character.AI, pedindo a suspensão do uso não autorizado de personagens de seu catálogo.
A Motion Picture Association (MPA) pediu que a OpenAI adote “ações imediatas e decisivas” contra vídeos gerados pelo Sora que infrinjam direitos autorais. O episódio reforça o crescente conflito entre inovação tecnológica e direitos de propriedade intelectual, que deve dominar as próximas negociações entre estúdios, agências e empresas de IA.
(Com informações de IT Fórum)
(Foto: Reprodução/Freepik/XIGE)