Projeção leva em conta o impacto da IA sobre diversos setores e considera diferentes cenários de adoção da tecnologia

IA – Ao impulsionar a produtividade em setores variados, a incorporação da inteligência artificial pelo setor privado brasileiro pode injetar até US$ 429 bilhões na economia nacional até 2038. Esse avanço, no entanto, está condicionado a um esforço na qualificação da mão de obra.

A previsão é da Accenture, que examinou os efeitos da IA nas cinco maiores economias da América Latina — Brasil, Argentina, México, Chile e Colômbia. Na hipótese mais otimista, o Produto Interno Bruto (PIB) da região poderia ter um acréscimo total de até US$ 1 trilhão.

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Possíveis cenários

Para alcançar esses números, o levantamento projetou três cenários distintos de aplicação da IA generativa e simulou os impactos de alterações na estrutura da força de trabalho até 2038. As análises levaram em conta o potencial de automação das funções e a transição entre diferentes ocupações.

O estudo avaliou mais de 19 mil tarefas associadas a cerca de 900 categorias ocupacionais em 19 setores distintos da economia. A metodologia utilizou dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, adaptados à realidade latino-americana.

No cenário mais promissor, denominado “centrado em pessoas”, a introdução da IA é acompanhada de estratégias bem definidas para reorganizar funções e capacitar os trabalhadores, num processo gradual que se estenderia por dez anos.

Além dessa hipótese, a Accenture também modelou outras duas possibilidades: o cenário “agressivo” prevê uma implementação veloz da tecnologia em apenas cinco anos, mas sem investimentos significativos em qualificação profissional, resultaria em ganhos econômicos mais modestos para a região, estimados em US$ 200 bilhões.

Já o modelo “cauteloso”, com implantação lenta da IA ao longo de 15 anos e baixo nível de reestruturação do trabalho, traria ganhos ainda mais limitados. Em qualquer um dos contextos analisados, o Brasil se destaca como o país com maior potencial de crescimento absoluto.

De acordo com o relatório, o cenário agressivo — com alta adoção da IA e baixa preocupação com treinamento — concentra os ganhos nos primeiros anos e tende a provocar aumento no desemprego. No modelo centrado nas pessoas, os benefícios são distribuídos ao longo de uma década e envolvem menor deslocamento de trabalhadores.

Nesse último caso, o ganho de produtividade não vem apenas da redução de custos, mas também de uma nova organização do trabalho que favorece o foco em atividades estratégicas. Daniel Lázaro, líder de Dados e IA da Accenture na América Latina, destaca que os melhores resultados previstos dependem de uma aposta sólida na formação profissional.

“A lógica é também de que não adianta muito você comprar os melhores tijolos se você não sabe como fazer um prédio ou uma ponte. A distância entre ter a capacidade de fazer e gerar algum resultado está em preparar as pessoas e estruturar processos”, afirma.

Ainda segundo Lázaro, o Brasil tende a seguir um caminho “agressivo” na adoção da inteligência artificial, com empresas direcionando investimentos significativos à tecnologia, mas sem planejamento claro sobre sua aplicação de forma estratégica.

O levantamento aponta que os países latino-americanos ocupam uma posição intermediária no cenário global quanto à inovação, implementação e investimento em IA, representando apenas 3% dos gastos privados globais com essa tecnologia.

Apesar disso, o Brasil aparece como o 11º maior investidor privado em IA em 2024, com cerca de US$ 1,1 bilhão aplicados, puxado especialmente pelo setor financeiro. Os Estados Unidos lideram o ranking, com aportes que somam US$ 50,5 bilhões.

Efeitos em diferentes setores

A projeção da Accenture indica que o Brasil poderá alcançar entre 11% e 17% de aumento de produtividade nos próximos 13 anos por meio da adoção da IA — patamares próximos da média regional, mas significativamente superiores ao desempenho da última década, quando o país praticamente não teve avanço nesse indicador.

O relatório também avalia a exposição dos setores econômicos à automação. No total, até 39% das horas trabalhadas no Brasil podem ser afetadas pela inteligência artificial até 2038, sendo 22% com potencial para automação e 17% para otimização de tarefas.

Setores com alta carga de tarefas digitais e grande uso de dados devem concentrar os maiores ganhos de produtividade, segundo a Accenture. Áreas como seguros, bancos, software, mídia e plataformas digitais estão entre as mais sujeitas à transformação. Já atividades mais dependentes de trabalho físico, como construção civil e mineração, devem sentir mudanças mais lentas.

No setor de mercados de capitais, por exemplo, 46% das horas trabalhadas poderiam ser otimizadas por IA, com 27% suscetíveis à automação. Já na indústria de bens de consumo, esses percentuais caem para 11% e 14%, respectivamente.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik/aishazeyn)