No novo mapa, os países do hemisfério sul aparecem na parte de cima, com o Brasil no centro da imagem
Mapa-múndi – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), comandado pelo economista Marcio Pochmann, apresentou na quarta-feira (7) um novo mapa-múndi com uma abordagem cartográfica inusitada: o planeta é exibido de cabeça para baixo.
Nessa representação, as nações do hemisfério sul ocupam a parte de cima, enquanto o Brasil aparece no centro da imagem. A proposta, segundo Pochmann, visa “evidenciar o protagonismo brasileiro em blocos como Brics e Mercosul, além da relevância do país como sede da COP30 em 2025”, conforme postagem do presidente no X (antigo Twitter).
LEIA: Procurador denuncia “pejotização” como forma de burlar direitos trabalhistas
O anúncio foi feito no portal de notícias do IBGE. A atual gestão já havia gerado polêmica no ano anterior com outro mapa que colocava o Brasil no centro, mas sem a inversão proposta agora.
A iniciativa foi chamada por alguns de “geografia engajada” e por outros de “símbolo decolonial”, dividindo opiniões nas redes sociais e levantando debates sobre cartografia, geopolítica e identidade nacional. O instituto classificou a repercussão como um “grande êxito”.
Entretanto, críticos consideraram a medida desnecessária para um órgão público tradicionalmente discreto, responsável por divulgar estatísticas sensíveis, como o Censo Demográfico, o PIB (Produto Interno Bruto) e taxas de desemprego e inflação.
O novo mapa foi divulgado em paralelo ao anúncio do Triplo Fórum Internacional da Governança do Sul Global, evento organizado em parceria com o Governo do Ceará, que ocorrerá entre 11 e 13 de junho em Fortaleza.
“Como parte dessa iniciativa, apresentamos um mapa que posiciona o Brasil no centro, agora invertido, para provocar uma reflexão sobre nosso papel num mundo em rápida transformação, que demanda maior liderança do país”, explicou Pochmann em vídeo oficial.
A projeção também destaca o Rio de Janeiro (sede da cúpula do Brics em 2024), Belém (que receberá a COP30) e o Ceará (local do fórum).
Gustavo Mota de Sousa, professor de cartografia da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), explica que não há erro na representação, já que mapas podem adotar diferentes perspectivas. “É uma forma de valorizar o país, tornando-o mais visível”, elogiou.
Mapa disponível para venda
Na quinta-feira (8), o IBGE incluiu o mapa em sua loja virtual, onde é possível adquirir versões impressas de publicações do órgão. Três tamanhos estão à venda, com preços entre R$ 15, R$ 25 e R$ 90. A partir de segunda-feira (12), o material também estará disponível na Casa Brasil IBGE, no Palácio da Fazenda (RJ), que abriga exposições e eventos do instituto.
Embora o mapa seja comercializado, todas as publicações do IBGE continuam acessíveis gratuitamente em formato digital no site oficial.
(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Loja IBGE)