Prótese substitui células danificadas por um chip capaz de estimular os neurônios ainda ativos
Implante com chip – Pesquisadores alcançaram um marco inédito ao devolver parcialmente a visão a pessoas com uma forma grave de degeneração macular relacionada à idade (DMAE). O feito foi possível graças a um implante de retina protético que substitui as células danificadas por um chip capaz de estimular os neurônios ainda ativos.
A condição, comum entre idosos, destrói a área central da retina e provoca um ponto cego no centro da visão, dificultando tarefas básicas como leitura, locomoção e reconhecimento de rostos. Segundo o estudo, publicado no The New England Journal of Medicine, 27 dos 32 pacientes que receberam o implante voltaram a ler — mesmo que de forma limitada.
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O sistema combina tecnologia óptica e neural. Um chip minúsculo é implantado na retina, enquanto óculos equipados com câmera capturam imagens e as transformam em sinais infravermelhos. Esses sinais são projetados sobre o implante, que estimula os neurônios remanescentes da retina e recria uma percepção visual em preto e branco.
Com o uso do dispositivo, os pacientes recuperaram, em média, cinco linhas no teste de acuidade visual. O recurso ainda conta com função de zoom, o que permite ampliar letras e objetos, embora a leitura continue lenta e limitada.
Para reaprender a enxergar com o sistema, os pacientes passam por meses de treinamento. A adaptação é considerada exigente, mas os pesquisadores afirmam que o ganho de visão, mesmo parcial, representa uma transformação profunda na rotina de quem vivia praticamente no escuro.
Efeitos colaterais foram relatados em 19 dos 32 participantes, incluindo aumento da pressão ocular e pequenas rupturas na retina, mas a maioria dos casos se resolveu em até dois meses.
O futuro da tecnologia
O físico Daniel Palanker, professor de Stanford e inventor do chip, revelou que trabalha há mais de duas décadas na tecnologia. Segundo ele, uma versão de nova geração, com resolução superior, já demonstrou resultados promissores em testes com animais.
Mesmo com limitações, especialistas veem o avanço como um marco na luta contra a cegueira causada pela degeneração macular – uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo e, até agora, não tinha solução eficaz.
(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/Estúdiodav)