Levantamento mostra que companhias do país avançam na integração da tecnologia e projetam quase dobrar o ROI até 2027
IA – A Inteligência Artificial deixou o estágio experimental e passou a ocupar papel central nas estratégias de negócios no Brasil. Segundo o estudo global “Value of AI”, realizado pela SAP em parceria com a Oxford Economics, companhias de médio e grande porte no país aplicam, em média, US$ 14,2 milhões por ano em IA e já registram retorno médio de 16%. A projeção é que esse índice chegue a 31% nos próximos dois anos.
O levantamento ouviu 1.600 executivos de oito países — sendo 200 no Brasil — e coloca o país entre os mercados que mais avançam na conversão da IA em resultados concretos. Mesmo investindo menos que China e Estados Unidos, as empresas brasileiras apresentam retorno equivalente à média global e demonstram alto nível de confiança: 78% esperam obter ROI positivo em até três anos.
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Para o presidente da SAP Brasil, Rui Botelho, os dados indicam uma mudança de fase. Segundo ele, a tecnologia saiu do campo experimental e se tornou uma “alavanca de crescimento”, especialmente quando combinada com dados qualificados e fluxos de trabalho estruturados.
Investimentos crescem e retorno deve dobrar
Os resultados financeiros reforçam a consolidação da IA no ambiente corporativo. O retorno atual de 16% deve praticamente dobrar até 2027, chegando a 31% — o equivalente a US$ 5,8 milhões, de acordo com o estudo. Paralelamente, os investimentos feitos por empresas brasileiras devem aumentar 36% nos próximos dois anos, percentual próximo ao observado em países como Alemanha e Reino Unido.
A destinação de recursos para gestão e qualidade de dados também deve subir, com previsão de crescimento de 23%. A tendência aponta para um esforço das organizações em fortalecer as bases necessárias para adoção responsável da tecnologia.
Hoje, 23% das tarefas realizadas nas empresas brasileiras contam com algum suporte de IA. A expectativa é que esse índice avance para 40% até 2027. Além disso, 69% das companhias afirmam que a tecnologia tem ajudado a resolver seus principais desafios — porcentual superior à média global, que é de 59%.
Agentes autônomos movimentam próxima fase da IA
O estudo também destaca a atenção crescente das empresas brasileiras aos agentes autônomos — sistemas capazes de planejar e executar tarefas com pouca intervenção humana. Para 78% dos executivos ouvidos, essa tecnologia tem potencial de transformar operações corporativas.
As companhias esperam um retorno médio de 10% com seu uso nos próximos dois anos, valor próximo ao restante dos países avaliados. Entretanto, apenas 1% das organizações no Brasil dizem estar plenamente preparadas para escalar a tecnologia, enquanto 65% afirmam ter preparo parcial.
Para Rui, essa é a “próxima onda de valor”, marcada pela atuação de sistemas capazes de tomar decisões e executar tarefas complexas de forma inteligente.
Desafios de dados e governança seguem no radar
Apesar do avanço, persistem obstáculos importantes. Embora 68% das empresas afirmem estar prontas para adotar soluções de IA, a maioria relata dificuldades na integração responsável de dados: 70% enfrentam barreiras internas e 60% têm desafios ao compartilhar informações com parceiros externos.
Outro ponto de atenção é o uso de ferramentas de “IA paralela”, aplicadas por funcionários sem aprovação formal. Oito em cada dez empresas demonstram preocupação com o tema, e 66% admitem que esse uso é recorrente, reforçando a necessidade de políticas claras e governança estruturada.
O estudo foi realizado em maio de 2025, com entrevistas com executivos de empresas de médio e grande porte em oito países: Austrália, Brasil, China, Alemanha, Índia, Singapura, Reino Unido e Estados Unidos. No Brasil, participaram 200 líderes de diferentes setores.
(Com informações de TI Inside)
(Foto: Reprodução/Freepik)