Links maliciosos movimentaram bilhões e se tornaram a principal ameaça digital no país; especialistas alertam para os riscos ampliados pelo uso de IA

Phishing – O phishing, crime cibernético em que criminosos usam links falsos para roubar dados de usuários, é hoje a principal ameaça digital no Brasil. Segundo dados apresentados pela empresa de segurança digital Kaspersky durante a 15ª Semana de Cibersegurança, em Manaus (AM), foram 553 milhões de ataques em apenas 12 meses, o que equivale a 1,5 milhão por dia — quase três por habitante.

O impacto financeiro também preocupa. Em 2024, uma ação desse tipo teria levado ao desvio de R$ 15 milhões do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira) do governo federal. De acordo com as investigações, invasores conseguiram acesso indevido a partir das credenciais de apenas um funcionário, mostrando como um único descuido pode comprometer todo um sistema.

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Os links fraudulentos chegam por e-mail, SMS, WhatsApp e redes sociais. O golpe pode ocorrer de duas maneiras: quando o vírus invade o celular ou computador após o clique, ou quando o próprio usuário insere voluntariamente seus dados, acreditando tratar-se de uma atualização legítima.

Na América Latina, entre julho de 2024 e agosto de 2025, foram 1,3 bilhão de tentativas de phishing bloqueadas — cerca de 3,5 milhões de ataques por dia. O Brasil lidera esse ranking, impulsionado pelo tamanho da população, pela rápida adesão a novas tecnologias e pelo baixo nível de educação digital.

IA a serviço do crime

O uso da inteligência artificial tem tornado os golpes mais sofisticados e frequentes. Hoje, criminosos utilizam centrais automatizadas operadas por IA, capazes de disparar milhares de links maliciosos em minutos, principalmente via SMS.

Além disso, ferramentas de RPA (Robotic Process Automation) permitem que golpistas, mesmo sem grande conhecimento técnico, atuem em escala. Em um curto período de duas horas, é possível disparar milhões de mensagens fraudulentas. O resultado é um crescimento de 85% nos casos em relação a 2023.

Embora governos sejam alvo frequente de cibercriminosos, no Brasil a indústria lidera a lista de vítimas, seguida pelo setor financeiro. A diferença, segundo especialistas, é que o sistema financeiro brasileiro investe mais em segurança digital que outros países da região, o que aumenta sua capacidade de reação.

No entanto, dez das 22 famílias de vírus mais usados em ataques no mundo são brasileiras, o que reforça o protagonismo negativo do país no cenário global.

Como se proteger

Para especialistas, a prevenção ainda é o melhor caminho. Algumas medidas simples ajudam a reduzir os riscos:

– Nunca salvar senhas no navegador;
– Manter sempre o sistema operacional e aplicativos atualizados;
– Instalar um sistema de segurança confiável em todos os dispositivos.

Além disso, a recomendação é desconfiar de qualquer link suspeito, mesmo quando enviado por contatos conhecidos. Um clique pode resultar em perdas financeiras, bloqueio de contas, roubo de identidade, além da exposição de informações pessoais e credenciais de serviços como Netflix e Spotify.

(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik)