Ambientes como Discord, Roblox, Steam e Twitch passaram a ser utilizados para a disseminação de discursos radicalizados

Plataformas de games – Plataformas de games online, tradicionalmente associadas à diversão e socialização entre amigos, estão sob atenção de autoridades e especialistas em segurança digital, segundo matéria do Axios.

Ambientes como Discord, Roblox, Steam e Twitch, onde milhões de jovens passam horas conectados, passaram a ser utilizados também para a disseminação de discurso de ódio e radicalização, em fóruns fechados e pouco visíveis ao público.

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Investigações indicam que salas de jogos, muitas vezes anônimas, atraem grupos extremistas expulsos de plataformas tradicionais. Esses grupos buscam jovens vulneráveis que estão em busca de conexão.

Apesar da maioria das conversas nesses espaços ser inofensiva, o cenário também se tornou propício a práticas perigosas que escapam à vigilância de moderadores e autoridades.

“Extremistas e predadores vão a esses espaços de jogos para encontrar jovens altamente engajados e suscetíveis, muitos dos quais anseiam por conexão”, afirma Mariana Olaizola Rosenblat, consultora de políticas em tecnologia e direito na NYU Stern, ao Axios.

Segundo Rosenblat, compreender o que ocorre nesses ambientes é um grande desafio, já que as salas são fechadas e de difícil acesso. “A maioria dos pesquisadores é basicamente cega a tudo isso. Você não pode entrar nessas salas” para analisar como esses grupos cooptam os jovens.

Além disso, os integrantes desses fóruns muitas vezes disfarçam mensagens extremistas usando a “linguagem de jogos”, confundindo diversão virtual com ideias radicais aplicadas ao mundo real.

Plataformas acumulam casos conhecidos de discurso de ódio

A pesquisadora ressalta que, embora as próprias plataformas tenham acesso a esses conteúdos, investem pouco em moderação e sistemas de proteção, dificultando o combate à propagação de discursos de ódio e outras práticas abusivas.

Nos últimos anos, diversos casos de repercussão surgiram nesses fóruns:

Discord

– Suspeito do assassinato de Charlie Kirk teria confessado em um bate-papo.
– Utilizado na organização do protesto Unite the Right (Charlottesville, 2017).
– Atirador de Buffalo (2022) planejou o ataque na plataforma.
– Investigação de 2018 revelou centenas de casos de pornografia de vingança.

Roblox

– Voltada para crianças, mas criticada por conteúdo sexual, predatório e extremista.
– Enfrenta processos judiciais nos EUA por falta de proteção a menores.
– Menina de 13 anos foi sequestrada e traficada após contato na plataforma.
– Empresa afirma investir em segurança com tecnologia de IA e moderação humana 24/7.

Twitch

– Transmissão ao vivo do ataque em Buffalo (2022).
– Conteúdo removido rapidamente; plataforma colaborou com autoridades.

Steam

– Em 2021, pesquisadores identificaram comunidades ligadas a ideologias de extrema-direita e neonazismo.

Repercussão política

Nos Estados Unidos, após o assassinato de Charlie Kirk, as plataformas passaram a ser alvo de investigações. A Câmara de Supervisão convocou os CEOs de diversas empresas para depor no Congresso.

No Brasil, o governo federal também vem adotando medidas, incluindo projetos de lei para regulamentar redes sociais e big techs, além de propostas voltadas à proteção de crianças e adolescentes contra conteúdos inadequados.

Outras ações envolvem medidas administrativas e judiciais para combater discurso de ódio, exploração infantil e desinformação nas plataformas digitais.

(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/user20166574)