Segundo o Gartner, tecnologias estratégicas estão moldando a forma como estados adotam a inteligência artificial
IA soberana – A inteligência artificial deve se consolidar como a principal inovação tecnológica a ser incorporada pelo setor público nos próximos dois a cinco anos, de acordo com relatório recente do Gartner. Entre as prioridades, a IA soberana e os agentes de IA aparecem em evidência, após alcançarem o que a consultoria chama de “pico das expectativas infladas”.
No documento “Ciclo da Hype para Serviços Governamentais de 2025”, a IA generativa já começa a atravessar o chamado “vale da desilusão”, fase em que se espera que os investimentos realizados comecem a gerar retornos concretos. O gráfico busca ilustrar, de forma visual, a maturidade e a curva de adoção de novas tecnologias e aplicações.
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“Os líderes do setor público enfrentam uma pressão crescente para atender às expectativas cada vez maiores dos cidadãos, navegar pela incerteza geopolítica e fazer mais com menos recursos”, afirma Dean Lacheca, vice-presidente analista do Gartner.
“Os agentes de IA podem endereçar esses desafios, mas o sucesso dependerá de preencher a lacuna entre as ambições de inovação e as prioridades mais amplas dos governos…”.
IA soberana e agentes
A chamada IA soberana, explica o Gartner, refere-se às iniciativas de governos para desenvolver sistemas próprios de inteligência artificial com finalidades estratégicas ligadas à soberania. O objetivo é modernizar processos administrativos, ampliar a automação e otimizar tanto a experiência de servidores públicos quanto a interação com cidadãos, reduzindo a dependência de fornecedores estrangeiros.
A consultoria projeta que, até 2028, cerca de 65% dos governos ao redor do mundo deverão adotar algum tipo de requisito de soberania tecnológica, visando fortalecer a independência e se proteger contra regulações externas.
Os agentes de IA, por sua vez, podem ser aplicados na melhoria da oferta de serviços públicos, desde o atendimento a solicitações de cidadãos e a interpretação de normas legais até a automação de tarefas burocráticas.
O Gartner estima que, até 2029, 60% das agências governamentais utilizarão agentes de IA para automatizar mais da metade das interações transacionais com cidadãos — percentual que hoje, em 2025, está abaixo de 10%.
Engenharia de prompts e clientes-máquina
O estudo também destaca duas tendências emergentes. A primeira é a engenharia de prompts, que consiste em elaborar instruções em texto ou imagem para guiar modelos de IA generativa. Prompts bem estruturados contribuem para aumentar a qualidade, a confiabilidade e a eficácia das respostas.
Segundo o Gartner, governos podem ampliar o retorno de investimentos em ferramentas de produtividade baseadas em IA ao incentivar a alfabetização digital e a capacitação em inteligência artificial dentro das instituições.
Outra tendência são os chamados clientes-máquina — agentes econômicos não humanos que realizam compras de bens ou serviços em nome de pessoas ou organizações. A consultoria estima que atualmente existam cerca de 3 bilhões de máquinas B2B conectadas à internet atuando como clientes, número que pode chegar a 8 bilhões até 2030.
Os governos, avalia o Gartner, precisarão se preparar para autenticar, prestar serviços e regular a atuação desses clientes-máquina.
(Com informações de It Forum)
(Foto: Reprodução/Freepik/DC Studio)