O objeto vindo de fora do Sistema Solar se aproxima da Terra e pode contribuir para o avanço das estratégias globais de monitoramento de asteroides

3I/ATLAS – O cometa interestelar 3I/ATLAS tem despertado o entusiasmo da comunidade científica desde que foi identificado, em julho. Considerado apenas o terceiro visitante conhecido proveniente de fora do Sistema Solar, o corpo celeste viaja em alta velocidade e já passou notavelmente próximo da órbita de Marte, antes de atingir seu ponto de maior aproximação com o Sol nesta quarta-feira (29).

Originário de uma estrela ainda não identificada, o objeto traz em sua composição química pistas valiosas sobre como mundos podem se formar em regiões distantes da Via Láctea — e, de forma indireta, pode ajudar a melhorar os mecanismos de proteção da Terra contra possíveis ameaças espaciais.

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Projeto internacional vai acompanhar a trajetória do 3I/ATLAS

– De acordo com o portal Space.com, o próximo evento importante na rota do cometa será sua máxima aproximação com a Terra, estimada para 19 de dezembro. Nessa data, o 3I/ATLAS passará a cerca de 1,8 unidade astronômica (cerca de 269 milhões de quilômetros) do planeta.
– Em março de 2026, o corpo celeste deverá se aproximar de Júpiter, chegando a uma distância de 0,36 UA (aproximadamente 54 milhões de quilômetros). Pesquisas indicam que a forte gravidade do gigante gasoso pode alterar levemente sua órbita.
– Depois disso, a luminosidade do cometa tende a diminuir gradualmente até que ele desapareça do campo de visão terrestre.
– Por esse motivo, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides — um consórcio global de astrônomos — planeja acompanhar em detalhe o percurso do 3I/ATLAS.
– O projeto funcionará como um exercício coletivo para aprimorar as técnicas de cálculo orbital e reforçar a capacidade de identificar com precisão futuros objetos que possam representar risco à humanidade.

“A campanha terá como alvo o cometa 3I/ATLAS (C/2025 N1) para exercitar a capacidade da comunidade de observação de extrair astrometria precisa”, afirma o comunicado publicado na última terça-feira (21) pelo Minor Planet Center, órgão ligado à União Astronômica Internacional responsável por catalogar e monitorar pequenos corpos do Sistema Solar.

O que diferencia o visitante interestelar

O 3I/ATLAS se destaca dos cometas típicos do Sistema Solar por apresentar grande concentração de dióxido de carbono (CO₂) em sua coma — a nuvem gasosa que envolve seu núcleo. A descoberta, feita pelo telescópio espacial James Webb, chama a atenção por sua raridade, embora não seja inédita: outros cometas locais já mostraram proporções até maiores de CO₂.

Essa característica indica que o cometa se formou em uma região extremamente fria e distante de sua estrela de origem, sob condições muito diferentes daquelas que moldaram planetas como a Terra e Marte. O estudo desses compostos primordiais é essencial, pois permite comparar, com precisão inédita, os elementos básicos que constituem mundos formados em locais remotos da galáxia.

Ao investigar esse “forasteiro cósmico”, os astrônomos esperam compreender se o nosso Sistema Solar é um caso comum ou uma exceção nas vastas regiões da Via Láctea.

(Com informações de Olha Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/ultrakant)