Tecnologia que utiliza princípios da física quântica promete acelerar cálculos complexos e transformar áreas como segurança digital, inteligência artificial e logística

Computação quântica – A computação quântica é uma tecnologia que processa informações com base nas leis da física quântica. Em vez dos tradicionais bits, que só podem representar 0 ou 1, ela utiliza qubits, capazes de estar em vários estados ao mesmo tempo. Essa característica permite que certos cálculos sejam realizados de forma muito mais rápida e eficiente do que em computadores convencionais.

A ideia surgiu nos anos 1980, quando o físico Richard Feynman observou que computadores tradicionais não eram capazes de simular sistemas quânticos com precisão. Ele sugeriu que, para esse fim, seria necessário criar máquinas baseadas nas próprias regras da mecânica quântica.

LEIA: Frio deve chegar a 2º C em São Paulo nos próximos dias

A partir disso, outros cientistas passaram a desenvolver os fundamentos teóricos da nova tecnologia. Na década de 1990, surgiram os primeiros algoritmos quânticos, como o de Shor, que mostrou o potencial da área para resolver problemas complexos, como a fatoração de grandes números.

Como funciona a computação quântica

A computação quântica é especialmente útil em situações que exigem muitos cálculos simultâneos, como simular moléculas, prever cenários complexos ou encontrar soluções ideais em grandes volumes de dados. Com isso, pode ser aplicada em campos como química, logística, inteligência artificial, segurança digital e finanças.

O funcionamento da computação quântica se baseia em dois princípios fundamentais: a superposição, que permite a um qubit estar em 0, 1 ou ambos ao mesmo tempo, e o entrelaçamento quântico, fenômeno em que dois qubits conectados influenciam um ao outro, mesmo quando estão distantes.

Os computadores quânticos utilizam portas lógicas específicas para manipular qubits e realizar cálculos por meio de circuitos complexos. A performance dessas máquinas depende de fatores como a quantidade de qubits, o tempo de estabilidade deles e a taxa de erro.

Entre as aplicações possíveis estão a criptografia (com potencial tanto para quebrar sistemas de segurança atuais quanto para criar novas formas de proteção), o desenvolvimento de medicamentos e materiais avançados por meio da simulação de moléculas, a otimização de rotas em logística e o aprimoramento da inteligência artificial.

Aposta do mercado

Empresas como IBM, Google, D-Wave, Microsoft e Amazon já investem no desenvolvimento de computadores quânticos. Elas oferecem acesso remoto a essas máquinas e criam ferramentas específicas para facilitar a programação quântica. O Google, por exemplo, apresentou o Sycamore, processador que realizou um cálculo específico mais rápido que um supercomputador convencional, demonstrando o conceito de “supremacia quântica”.

No futuro, a computação quântica deve se tornar mais acessível por meio do modelo “Quantum as a Service” (QaaS), que permite o uso remoto desses computadores sem a necessidade de possuir o equipamento. Outro avanço esperado é a criação da internet quântica, com redes de comunicação ultra seguras.

Segundo a MIT Technology Review Brasil, empresas como a PsiQuantum planejam lançar sistemas comerciais antes de 2030. Esses avanços podem impulsionar pesquisas médicas, o desenvolvimento de medicamentos personalizados e a análise de grandes volumes de dados. O mercado de trabalho também deve crescer, com demanda por profissionais especializados em física, engenharia e programação quântica.

Desafios e vantagens

Apesar das promessas, a tecnologia ainda enfrenta desafios. Os qubits são frágeis e perdem informações com facilidade, o que exige técnicas complexas de correção de erros e ambientes controlados, como temperaturas criogênicas. Além disso, os custos são elevados e a escalabilidade das máquinas ainda é limitada.

Entre as principais vantagens da computação quântica estão a alta capacidade de processamento, a possibilidade de resolver problemas complexos, avanços em segurança da informação e inovação em áreas estratégicas. Já as desvantagens incluem a instabilidade dos qubits, a necessidade de infraestrutura sofisticada e a ausência de regulamentações claras sobre seu uso.

A principal diferença entre a computação quântica e a clássica está na forma como elas representam e manipulam informações. Enquanto os bits convencionais só podem ser 0 ou 1, os qubits podem representar múltiplos estados ao mesmo tempo e estabelecer conexões mais complexas entre si. Essa diferença torna a computação quântica uma ferramenta promissora para superar os limites das tecnologias atuais.

(Com informações de Tecnoblog)
(Foto: Reprodução/Freepik)