Pesquisas apontam que assistentes virtuais conseguem alterar a opinião de eleitores, apesar de utilizarem, em alguns casos, informações imprecisas
IA – Pesquisas divulgadas nesta quinta-feira (4) indicam que uma breve interação com um chatbot de inteligência artificial (IA) pode ser suficiente para modificar opiniões políticas de eleitores. Os estudos, publicados nas revistas Science (Estados Unidos) e Nature (Reino Unido), mostram que assistentes conversacionais programados para persuadir podem recorrer a informações imprecisas e ainda assim alterar preferências de voto.
As pesquisas, realizadas nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Polônia, pediram aos participantes que avaliassem sua preferência por determinados candidatos em uma escala de 0 a 100. Em seguida, experimentos com modelos generativos, como o GPT-4, da OpenAI, e o chinês DeepSeek, demonstraram a capacidade de influência desses sistemas.
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Nos Estados Unidos, apoiadores do republicano Donald Trump deslocaram suas opiniões em direção à candidata democrata Kamala Harris em quase quatro pontos antes das eleições presidenciais de 2024. Em testes semelhantes conduzidos no Canadá e na Polônia antes das eleições federais e presidenciais de 2025, o impacto foi ainda maior: participantes alteraram suas avaliações em até 10 pontos após conversar com um chatbot.
De acordo com David Rand, professor de Ciências da Informação na Universidade Cornell e um dos autores principais dos estudos, esses efeitos podem ter peso real nos resultados eleitorais. “Quando perguntamos às pessoas como votariam se as eleições fossem naquele dia, aproximadamente um em cada 10 entrevistados no Canadá e na Polônia havia mudado de opinião”, afirmou Rand à AFP por e-mail.
“Aproximadamente um em cada 25 nos Estados Unidos havia feito o mesmo”, acrescentou, ressaltando que intenções de voto podem não refletir exatamente o comportamento nas urnas.
Os estudos também identificaram as estratégias mais usadas pelos chatbots para convencer: ser educado e apresentar evidências. Em uma pequena parcela dos casos, porém, as informações fornecidas eram imprecisas, o que reforça o alerta para os riscos de manipulação e desinformação em contextos eleitorais.
(Com informações de O Globo)
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