Ministro da Justiça informou que rede de distribuição do metanol indica possibilidade de problema chegar a outros estados

Metanol – Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski informou nesta terça-feira (30) que a Polícia Federal (PF) abriu investigação para apurar os casos de intoxicação por metanol registrados no estado de São Paulo. De acordo com o ministro, é provável que o metanol utilizado na adulteração de bebidas tenha chegado também a outros estados.

“Determinamos ao dr. Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, que abrisse um inquérito policial para verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição que ao tudo indica transcende o limite de um único estado. Tudo indica que há distribuição para além o estado de São Paulo”, afirmou em coletiva de imprensa.

LEIA: Governo fará investimento multimilionário para otimizar uso de IA

Segundo o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do estado de São Paulo, até a noite de segunda-feira (29), foram confirmados seis casos de intoxicação pela substância, incluindo três mortes. Outros dez casos permanecem em investigação.

As vítimas fatais identificadas são um homem de 58 anos, de São Bernardo do Campo; um homem de 54 anos, da capital paulista; e um homem de 45 anos, cujo local de residência ainda é apurado. Uma quarta morte, envolvendo um homem com histórico de etilismo crônico, também está sob investigação.

Segundo o Ministério da Justiça, o “número elevado e inusitado” de intoxicações chamou a atenção por fugir do padrão habitual. “As ocorrências de intoxicação por metanol estavam, majoritariamente, associadas a pessoas em extrema vulnerabilidade ou população em situação de rua”, informou a pasta. No entanto, os casos recentes envolvem pessoas que consumiram bebidas alcoólicas destiladas, como gin, whisky e vodka, em bares e casas noturnas.

A polícia investiga uma adega na Zona Sul e três bares da capital, localizados nos Jardins (Zona Oeste) e na Mooca (Zona Leste). Em ação fiscalizatória realizada na segunda-feira, uma força-tarefa apreendeu 117 garrafas de bebidas destiladas sem rótulos nesses estabelecimentos.

Possível ligação com o crime organizado

A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) suspeita que o metanol usado para adulterar as bebidas seja o mesmo que vinha sendo importado ilegalmente pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) para adulterar combustíveis. Há cerca de um mês, uma megaoperação revelou que combustíveis em postos investigados continham até 90% de metanol, muito acima do limite de 0,5% permitido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Para a ABCF, o fechamento de distribuidoras ligadas ao crime organizado pode ter levado a facção a revender o metanol apreendido para destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas.

“Ao ficar com tanques repletos de metanol lacrados e distribuidoras e formuladoras proibidas de operar, a facção e seus parceiros podem eventualmente ter revendido tal metanol a destilarias clandestinas e quadrilhas de falsificadores de bebidas, auferindo lucros milionários em detrimento da saúde dos consumidores”, afirmou a entidade.

Protocolo de ação

Após reunião extraordinária do Comitê Técnico do Sistema de Alerta Rápido (SAR), o governo federal estabeleceu um protocolo para monitorar a situação e coordenar ações entre diferentes órgãos.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) vai emitir alerta aos Procons de todo o país com orientações a fornecedores e consumidores sobre a segurança na comercialização e no consumo de bebidas alcoólicas. O Ministério da Agricultura e Pecuária levanta informações para avaliar eventuais ações de fiscalização.

O Ministério da Saúde monitora os casos e orientou todas as unidades de saúde, especialmente a rede de urgência e emergência, a seguir o protocolo de notificação para casos suspeitos de intoxicação exógena.

Riscos e sintomas da intoxicação por metanol

A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, que podem levar à morte.

Entre os sintomas iniciais da intoxicação por metanol, estão:

– Dor de cabeça intensa;
– Alterações de consciência;
– Náusea;
– Dor abdominal;
– Vômito;
– Vertigem;
– Sintomas visuais como a visão borrada, fotofobia, escotoma (ponto cego ou mancha escura) e até a perda súbita da visão;
– Se a ingestão for muito intensa e muito rápida, o indivíduo pode evoluir rapidamente para um coma.

A orientação é que, em caso de identificação dos sintomas, a pessoa busque imediatamente um serviço de emergência médica, uma vez que a intoxicação por metanol não é possível de ser tratada em casa.

As autoridades orientam também que entre em contato o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001), o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) ou o Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI) pelos telefones (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733.

(Com informações de Agência Brasil e G1)
(Foto: Reprodução/Freepik/machnata)