Evento reuniu mais de 280 equipes de 16 países e mostrou avanços e limitações da robótica humanoide

China – A cidade de Pequim foi palco, no último fim de semana, dos Jogos de Robôs Humanoides, uma competição inusitada que colocou máquinas em disputas de atletismo, futebol e até lutas de boxe. O evento de três dias contou com mais de 280 equipes de universidades e empresas de 16 países, consolidando-se como uma das maiores vitrines da robótica mundial.

As provas revelaram tanto o progresso quanto os desafios da tecnologia. Alguns robôs executaram acrobacias complexas, como cambalhotas para trás e saltos em terrenos irregulares. Outros, no entanto, mostraram limitações. No futebol, máquinas do tamanho de crianças tropeçavam e caíam com frequência, enquanto um goleiro permaneceu imóvel diante de repetidos chutes até levar o gol.

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Em uma corrida, um robô da chinesa Unitree Robotics acabou derrubando um dos integrantes da equipe, e nas lutas de kickboxing, os golpes muitas vezes atingiam apenas o ar. “A taxa de acerto é um pouco baixa”, admitiu um comentarista durante a transmissão oficial. Apesar disso, o público vibrou com o clima esportivo, que incluiu até a comemoração de um “campeão” de boxe erguendo as mãos enluvadas após a vitória.

Avanços e limites

Autoridades de Pequim classificaram os jogos como um teste de ponta da robótica humanoide, destacando as possibilidades abertas por esses avanços. O professor Ken Goldberg, da Universidade da Califórnia, avaliou que houve progressos significativos em locomoção e equilíbrio, citando movimentos antes impensáveis, como cambalhotas laterais e acrobacias inspiradas em artes marciais.

O desempenho também impressionou no atletismo. Um robô da Unitree conquistou medalha de ouro nos 1.500 metros indoor com tempo de 6 minutos e 34,4 segundos. Embora bem distante do recorde humano da prova, a marca superou muitos corredores amadores, reforçando o potencial da tecnologia.

Especialistas avaliam que robôs humanoides poderão, no futuro, executar tarefas que hoje dependem de pessoas, como serviços domésticos e atividades em fábricas ou armazéns. Mas, no presente, até mesmo ações simples — como carregar uma máquina de lavar — ainda são um desafio.

Para o professor Alan Fern, da Universidade Estadual do Oregon, os jogos tiveram o mérito de mostrar com clareza o estágio atual da robótica. Segundo ele, houve avanços expressivos tanto no custo de fabricação dos humanoides quanto na aplicação de inteligência artificial, que hoje permite às máquinas correr, saltar e se equilibrar em superfícies complexas.

Ainda assim, ressalta, essas tecnologias permanecem limitadas em tarefas mais sofisticadas, como planejamento e raciocínio. “Os robôs ainda são burros”, resumiu.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik/Phonlamaistudio)