Da programação à corrida espacial, mulheres foram fundamentais para a inovação, mas ganharam reconhecimento tardio

Tecnologia – Quando a história da tecnologia é contada, os nomes que surgem com frequência são Alan Turing, Steve Jobs, Bill Gates ou Elon Musk. Porém, esse enredo é incompleto: mulheres tiveram papel decisivo em avanços que mudaram a ciência, a comunicação e até a exploração espacial. Muitas delas, no entanto, foram esquecidas, com reconhecimento tardio ou reduzido a notas de rodapé.

Em um cenário em que diversidade e inclusão ganham espaço nas empresas e na sociedade, revisitar essas trajetórias é mais que uma questão de memória: é reconhecer que a inovação sempre teve múltiplas vozes e não pertenceu a um único gênero.

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Ada Lovelace: a primeira programadora

No século XIX, Ada Lovelace rompeu com o destino que se esperava para mulheres de sua época. Incentivada pela mãe a estudar matemática, escreveu o que é considerado o primeiro algoritmo do mundo. Mais que cálculos, enxergou que máquinas poderiam criar música, arte e linguagens — uma visão que antecipou a computação moderna e até a inteligência artificial. Seu legado só seria reconhecido décadas mais tarde, consolidando-a como a primeira programadora da história.

Hedy Lamarr: a estrela que inventou o futuro

Na década de 1940, enquanto brilhava em Hollywood, Hedy Lamarr desenvolveu ao lado do engenheiro George Antheil um sistema de comunicação por “salto de frequência” para proteger mensagens militares. A invenção passou despercebida na época, mas se tornou a base para tecnologias como Wi-Fi, Bluetooth e GPS. O reconhecimento veio apenas no fim de sua vida, quando ficou claro que sua contribuição estava por trás da forma como hoje trabalhamos, viajamos e nos conectamos.

Radia Perlman: a mãe da internet

Nos anos 1980, Radia Perlman revolucionou a ciência da computação com a criação do protocolo Spanning Tree, essencial para o funcionamento das redes de computadores. Sem sua descoberta, a internet como conhecemos não existiria. Apesar de apelidada de “mãe da internet”, seu nome ainda é menos lembrado que o de outros homens de sua época.

Matemáticas que levaram o homem à Lua

Na corrida espacial, três cientistas negras foram fundamentais para os feitos da NASA: Katherine Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson. Johnson calculou as trajetórias que permitiram a chegada da Apollo 11 à Lua; Vaughan abriu caminho no uso de computadores eletrônicos; e Jackson tornou-se a primeira engenheira negra da agência.

Por muito tempo, suas histórias ficaram escondidas em relatórios técnicos, até serem popularizadas pelo livro e filme Estrelas Além do Tempo. Hoje, representam inspiração para gerações de meninas que sonham em seguir carreira científica.

Do apagamento ao protagonismo

Esses casos mostram que a invisibilidade feminina na inovação não foi exceção, mas um padrão. Projetos transformadores tiveram a participação de mulheres cujos nomes foram omitidos ou minimizados. Ainda hoje, áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática seguem marcadas pela baixa presença feminina.

Contudo, esse cenário começa a mudar. Ao recuperar as histórias dessas pioneiras, fica claro que o DNA da tecnologia também é feminino, e novas gerações podem se inspirar para ocupar cada vez mais espaço na construção do futuro.

(Com informações de It Show)
(Foto: Reprodução/Freepik)