Especialistas apontam que crime organizado brasileiro preenche lacuna deixada por quadrilhas internacionais
Ransomware – Enquanto o restante do mundo observa uma redução nos ataques de ransomware, o Brasil segue em sentido inverso. De acordo com análises conduzidas pela Kaspersky, que acompanha ameaças por meio do Global Research and Analysis Team (GReAT), o país registrou aumento de 12% nas detecções entre outubro de 2024 e outubro de 2025.
Segundo Fabio Assolini, líder da área da Kaspersky na América Latina, o movimento tem relação direta com o interesse crescente do crime organizado brasileiro no cibercrime. Ações internacionais envolvendo FBI, Europol e Interpol enfraqueceram grupos especializados em ransomware no exterior, reduzindo o volume global de ataques. No entanto, organizações no Brasil passaram a ocupar esse espaço. “Eles perceberam que o cibercrime dá uma grana boa e o risco é baixo”, afirmou Assolini.
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Nos últimos 12 meses, a empresa contabilizou 283 mil tentativas de ataque bloqueadas no país – cerca de 770 por dia.
Além de ampliarem sua participação nesse tipo de crime, os grupos locais também introduziram uma dinâmica diferente da praticada por quadrilhas estrangeiras. Em vez de explorar exclusivamente falhas técnicas, criminosos no Brasil têm apostado no suborno de funcionários para viabilizar a entrada inicial em sistemas corporativos. Com a colaboração interna, basta que a vítima abra um arquivo malicioso para que o restante da ação seja executado pelos invasores.
O resultado é um cenário mais desafiador para empresas, já que esse tipo de ataque é altamente direcionado e exige novas formas de proteção contra ameaças internas. A abordagem contrasta com fases anteriores do ransomware, marcadas por ataques indiscriminados.
Outros ataques também crescem
O crescimento do ransomware não foi o único alerta apresentado. Segundo os dados da Kaspersky, os trojans bancários voltados ao ambiente corporativo somaram mais de 1,1 milhão de detecções no mesmo período, uma média de aproximadamente 3 mil por dia. O avanço demonstra o foco dos criminosos em comprometer sistemas financeiros internos e obter informações sensíveis.
O phishing empresarial também chamou atenção: foram registradas 141 milhões de tentativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, o que representa cerca de 388 mil ataques diários. A técnica continua sendo porta de entrada para roubos de dados e ofensivas mais sofisticadas.
Fatores para aumentar a segurança
Para Roberto Rebouças, country manager da Kaspersky no Brasil, responder a esse cenário exige uma abordagem equilibrada. Ele destaca que segurança corporativa só se sustenta quando processos, ferramentas e equipes trabalham em conjunto.
Rebouças reforça ainda que as soluções adotadas precisam se adaptar às necessidades reais de cada organização e que equipes devem estar preparadas. Automação, testes frequentes e treinamento contínuo são, segundo ele, fundamentais para criar uma cultura sólida de proteção. “Ou você tem gente, produtos e processos, ou você não tem segurança”, concluiu.
(Com informações de IT Forum)
(Foto: Reprodução/Freepik)