Domínio de ferramentas de IA tem se tornado pré-requisito para empresas além do setor de TI

Muitas vezes apontada como uma ameaça para o futuro do trabalho, a inteligência artificial (IA) já começa a ser tornar pré-requisito de muitas empresas na hora de contratar, e não apenas dentre as companhias no setor de tecnologia.

Levantamento feito pela companhia de recrutamento Michael Page a pedido do GLOBO aponta que houve aumento de 39% no número de vagas entre janeiro e abril deste ano no qual ter conhecimento sobre a nova fronteira tecnológica já é visto como um “diferencial competitivo”.

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Apesar de muitas empresas ainda estarem buscando aplicações práticas para a inteligência artificial em suas áreas de atuação, elas estão cada vez mais ansiosas para contratar profissionais capazes de lidar com a nova tecnologia, dizem especialistas em Recursos Humanos (RH).

Segundo Mario Maffei, gerente da Michael Page, a inteligência artificial aparece no descritivo de vagas com o avanço de projetos nas empresas envolvendo a nova tecnologia.

Hoje, diz ele, o movimento está concentrado em vagas ligadas a cibersegurança, engenharia de automação e de prompt (comandos de criação das imagens), além de ciência de dados e transformação digital. Ele prevê alta de 50% nessa demanda até o fim do ano em áreas como RH, financeira e jurídica.

“Funções tradicionais nas empresas vão ganhar novas habilidades. Claro que algumas posições vão acabar, sobretudo as mais operacionais como analisar dados e documentos, pois a máquina fará isso. Mas outros postos vão surgir. E é isso que o profissional precisa estar atento e se reciclar. As empresas já iniciaram uma verdadeira corrida, e o setor financeiro e indústrias estão saindo na frente. As próprias ferramentas de IA estão evoluindo, com a possibilidade de gerar vídeos e textos”, analisou.

O matemático Ivan Macedo, CEO da consultoria Sevensete, diz que a definição do perfil desses profissionais ainda é um desafio. Para ele, a inteligência artificial tem se tornado uma tecnologia intrínseca ao dia a dia no trabalho, como ferramenta de aumento de produtividade.

Ele comparou o cenário atual a quando surgiu o Office, conjunto de programas como Word e Excel da Microsoft, que se tornou um pré-requisito básico já há algumas décadas nos escritórios. O especialista diz que as empresas precisam saber aonde querem chegar com a IA e, com isso, entender de que aplicações e profissionais vai precisar.

“Há dois caminhos. Há as ferramentas prontas, como ChatGPT e Gemini, com uma entrega clara de valor. Há ainda a possibilidade de desenvolver soluções personalizadas, a depender dos objetivos. Por isso, é preciso mapear e entender as competências tendo a IA como base”, diz.

Na SalesRun, que desenvolve soluções de IA para previsão de demanda para indústrias, a busca por profissionais especializados na tecnologia é crescente. Mas o fundador da empresa, Vinicius Hilkner, alerta que essa busca precisa estar alinhada às necessidades específicas da companhia.

“Primeiro é preciso identificar os problemas reais do negócio que poderiam ser resolvidos com IA e construir soluções customizadas. Isso envolve um novo perfil de profissional que vai além de ser um especialista em ciência de dados, por exemplo”, afirma.

Segundo Hilkner, a maior demanda na área de inteligência artificial é por profissionais para atuar em computação em nuvem (cloud).

Como se preparar?

Antes de escolher um curso IA, é preciso entender primeiramente o objetivo a ser alcançado, na opinião dos recrutadores ouvido pelo GLOBO. Isso porque há hoje uma centena de cursos de capacitação gratuitos e pagos oferecidos por empresas do setor e instituições de ensino.

Ivan Macedo, da Sevensete, aponta que a porta de entrada para quem quer dar os primeiros passos é buscar níveis mais básicos de capacitação. Nesse sentido, as próprias gigantes de tecnologia, como Google e Microsoft, oferecem capacitação em suas plataformas.

Sócios e contribuintes do Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de SP (Sindpd-SP) contam ainda com acesso gratuito ao Sindplay (conheça clicando aqui), plataforma de streaming de formação profissional do sindicato.

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O Sindplay já possui mais de 70 cursos, incluindo a área de inteligência artificial e outras como segurança da informação, desenvolvimento de softwares, desenvolvimento para a internet, administração de sistemas e redes, ciência de dados, gestão de projetos de TI, blockchain e tecnologias de moedas digitais.

Ao se aprofundar no tema, Macedo aconselha que se preste atenção quanto aos objetivos dos cursos.

“Se for mirar no uso da IA para aumentar a produtividade, há treinamentos específicos, com ferramentas de automação, de predições e recomendações de modelos. Por outro lado, se o caminho é o de desenvolvimento de soluções, normalmente os cursos exigem uma habilidade técnica maior, como programação, estatística e engenharia de software”, explica.

*Com informações de O Globo