Proteção digital exige diálogo, supervisão e ferramentas para orientar crianças e adolescentes
Crianças conectadas – Criar filhos sempre exigiu atenção e cuidado, mas os desafios se intensificaram na era da hiperconectividade. Se antes a preocupação dos pais estava em ensinar a atravessar a rua ou não falar com estranhos, hoje a missão inclui orientá-los a navegar com segurança em um ambiente digital repleto de riscos e armadilhas.
Apesar de serem considerados “nativos digitais”, as crianças e adolescentes não estão automaticamente preparados para lidar com ameaças online. Pelo contrário, a familiaridade com dispositivos e plataformas pode transmitir uma falsa sensação de segurança.
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Riscos mais comuns
Entre os principais perigos digitais estão os predadores virtuais, que se aproveitam da inocência infantil em jogos e redes sociais; o cyberbullying, que amplia os efeitos do bullying escolar para dentro de casa; e a exposição a conteúdos impróprios, muitas vezes estimulada por algoritmos de recomendação.
Também ganham destaque os golpes direcionados a crianças, como ofertas falsas em jogos, e o uso excessivo da tecnologia, associado a impactos na saúde mental, como ansiedade e insônia.
Estratégias por faixa etária
A proteção digital precisa evoluir conforme a idade:
• Crianças de 3 a 7 anos devem ter navegação supervisionada, com aplicativos específicos e regras claras de uso.
• Entre 8 e 12 anos, é importante reforçar a noção de privacidade, ensinar sobre senhas seguras e manter monitoramento equilibrado, sem abrir mão do diálogo.
• A partir dos 13 anos, a autonomia aumenta, mas também os riscos. Conversas francas sobre sexting, permanência digital e pressão social online são fundamentais.
Ferramentas
Recursos tecnológicos podem ser aliados importantes:
• Controles nativos, como o Screen Time (iOS) e o Family Link (Android), permitem limitar tempo de uso e restringir conteúdos.
• Roteadores domésticos possibilitam configurar filtros e horários de acesso.
• Aplicativos especializados, como Qustodio, Bark e Circle Home Plus, oferecem monitoramento avançado e alertas de risco.
Papel do diálogo
Mais do que tecnologia, especialistas defendem que a ferramenta mais poderosa é a comunicação aberta. Check-ins semanais sobre experiências online, conversas sobre notícias falsas e o incentivo ao pensamento crítico ajudam a construir confiança. Além disso, pais que dão exemplo no uso consciente da tecnologia se tornam referência positiva para os filhos.
Sinais
Mudanças de comportamento, queda no rendimento escolar, isolamento repentino ou nervosismo excessivo ao usar dispositivos podem indicar problemas. Do mesmo modo, sinais digitais – como múltiplas contas em redes sociais ou exclusão frequente do histórico de navegação – merecem atenção.
O objetivo não é criar jovens que temam a internet, mas cidadãos digitais conscientes, capazes de usar a tecnologia de forma produtiva e responsável. Isso inclui noções de pegada digital, empatia no ambiente online e incentivo à criação de conteúdos positivos.
A proteção digital é, portanto, uma jornada contínua. Não há fórmulas prontas, mas o acompanhamento, a educação e o diálogo constante permitem que crianças e adolescentes não apenas evitem riscos, mas também aproveitem as oportunidades da conectividade de forma segura e saudável.
(Com informações de It Show)
(Foto: Reprodução/Freepik)